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Entenda a lei com clareza – Understand the Law with Clarity

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Direito previdenciárioMedicamentos e direito do paciente

Remédios Fortes No Laudo Evitam Negativa Do BPC

Descubra como um laudo médico bem feito, com lista de remédios fortes e descrição das limitações, pode reforçar o direito ao BPC/LOAS e reduzir as chances de indeferimento pelo INSS.

Se você ou alguém da família usa remédios fortes todos os dias, vive em situação de baixa renda e ouviu falar no BPC/LOAS, é natural surgir a dúvida: “Será que esse monte de medicamentos ajuda a comprovar o direito ao benefício?”. A resposta é: ajuda muito, quando aparece da forma correta no laudo médico. Um laudo genérico, sem listar remédios e sem explicar as limitações, costuma ser ignorado. Já um laudo completo, com lista de medicamentos, doses e impacto na vida diária, pode fazer toda a diferença na análise do INSS.

Neste artigo, você vai entender como o laudo deve ser montado, que tipo de informações sobre remédios fortes realmente importam, como organizar documentos para a perícia e quais erros evitar para não perder tempo e dinheiro.


Por que o laudo médico é a peça-chave do BPC/LOAS

O benefício não depende só da doença, mas da incapacidade e da renda

O BPC/LOAS é um benefício assistencial destinado a pessoas idosas ou com deficiência em situação de vulnerabilidade, pagando um salário mínimo mensal. No caso da pessoa com deficiência, o que pesa não é apenas ter um diagnóstico, mas sim provar que, por causa das limitações, ela tem grande dificuldade de participar da sociedade em igualdade de condições, inclusive no trabalho.

É aí que o laudo médico entra como protagonista. Ele mostra:

  • qual é o diagnóstico principal e os diagnósticos associados;
  • há quanto tempo a pessoa tem o problema de saúde;
  • quais tratamentos já foram tentados, incluindo remédios fortes;
  • quais são as limitações funcionais (cognitivas, físicas, emocionais).
Quadro azul – O que o avaliador costuma procurar no laudo

  • Diagnóstico com CID (por exemplo, transtorno mental grave, epilepsia, doenças degenerativas).
  • Lista de medicamentos de uso contínuo, principalmente controlados ou de alta potência.
  • Descrição clara das limitações: não consegue estudar, trabalhar, cuidar de si sem ajuda, etc.
  • Indicação se a condição é permanente ou se tem chance real de melhora.

Remédios fortes indicam gravidade, mas não falam sozinhos

O uso de medicamentos controlados, anticonvulsivantes, antipsicóticos, sedativos fortes, opioides e outros remédios de “tarja pesada” costuma chamar a atenção do perito. Eles indicam que o quadro é sério, exige acompanhamento e pode gerar efeitos colaterais importantes (sonolência, lentidão, confusão, risco de queda, etc.).

Porém, para o BPC/LOAS, o avaliador precisa enxergar mais do que o nome do remédio. O laudo deve explicar como esses medicamentos, mesmo sendo fortes, não conseguem devolver autonomia plena para a pessoa, e às vezes até dificultam ainda mais o trabalho, o estudo ou o autocuidado.


Como montar um laudo médico que realmente fortaleça o pedido de BPC/LOAS

Informações essenciais que não podem faltar no laudo

Ao conversar com o médico, não peça apenas “um atestado para o BPC”. Peça um laudo detalhado, com alguns pontos-chave:

  • Identificação completa da pessoa (nome, idade, documento) e do médico (nome, CRM, especialidade).
  • Diagnóstico principal e secundários com CID, quando possível.
  • Histórico da doença: início, evolução, internações, crises, recaídas.
  • Lista de medicamentos fortes: nome, dose, frequência, há quanto tempo usa.
  • Efeitos colaterais relevantes: sonolência, instabilidade, perda de memória, irritabilidade, risco de queda, etc.
  • Limitações funcionais: dificuldade para andar, interagir, aprender, concentrar, cuidar da higiene, administrar dinheiro, sair de casa sozinho.
  • Prognóstico: se a condição é duradoura ou permanente, e qual o grau de possibilidade de reabilitação.
Quadro laranja – Jeito errado x jeito certo de falar dos remédios

Jeito errado Jeito certo
“Paciente em uso de medicação contínua.” “Paciente em uso contínuo de antipsicótico atípico e ansiolítico de controle especial, com sonolência intensa e lentificação do raciocínio, mantendo importante limitação para atividades simples do dia a dia.”

Organizando as receitas e exames para acompanhar o laudo

Além do laudo principal, é recomendável levar à avaliação:

  • Receitas de remédios fortes dos últimos meses, com assinatura e carimbo legíveis;
  • Exames que confirmem o diagnóstico (ressonância, laudos psicológicos, relatórios de terapias, etc.);
  • Registros de internações, crises, surtos ou atendimentos de emergência relacionados à condição;
  • Relatórios de outros profissionais (psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, neurologista, psiquiatra).
Mini gráfico verde – Linha do tempo da prova médica

  1. Início dos sintomas – consultas, primeiros exames.
  2. Início dos remédios fortes – aumento de dose, troca de medicação.
  3. Crises e internações – registros hospitalares e atestados.
  4. Laudo atualizado para o BPC/LOAS – resumo de toda a evolução do caso.

Aplicando na prática: passo a passo para usar o laudo e os remédios no pedido do BPC/LOAS

Passo 1 – Conversa franca com o médico

Explique ao médico que você pretende pedir o BPC/LOAS e que o laudo será lido por avaliadores do INSS e, muitas vezes, por peritos judiciais no futuro. Peça para ele:

  • descrever de forma simples e objetiva o que você consegue e o que não consegue fazer;
  • mencionar as necessidades de ajuda de terceiros (para banho, alimentação, locomoção, medicação);
  • destacar o uso de remédios fortes, inclusive com observação sobre risco de trabalhar, estudar ou se deslocar sozinho.

Passo 2 – Montagem do “envelope da perícia”

Separe uma pasta ou envelope com:

  • laudo médico principal, atualizado e bem legível;
  • cópias das receitas controladas e de outros remédios de uso contínuo;
  • exames principais e laudos de outros profissionais;
  • documentos pessoais, comprovante de renda e formulários exigidos pelo CRAS/INSS.

Passo 3 – Perícia médica e avaliação social

No BPC/LOAS, além da perícia médica, acontece a avaliação social, geralmente feita por assistente social. Nessa etapa, a lista de remédios fortes e o laudo bem feito ajudam a demonstrar:

  • a dependência de cuidados de familiares ou terceiros;
  • os gastos mensais com medicação e tratamento, reforçando a situação de vulnerabilidade;
  • a dificuldade de gerar renda por meio de trabalho, mesmo com tratamento.

Passo 4 (opcional) – Recurso e processo judicial, se necessário

Se o pedido for negado, o laudo bem feito continua sendo essencial em recurso administrativo e, depois, em eventual ação judicial. Nesses casos, muitas vezes o juiz pede uma nova perícia, e o profissional perito se orienta justamente pela documentação médica acumulada ao longo do tempo.


Modelos simples para orientar seu médico e organizar os remédios

Modelo 1 – Trecho de laudo médico destacando remédios fortes

Paciente portador de transtorno mental grave, CID Fxx.x, em uso
contínuo de antipsicótico atípico, estabilizador de humor e
ansiolítico de controle especial há aproximadamente 4 anos, em doses
terapêuticas, com efeitos colaterais de sonolência, lentificação
psicomotora e dificuldade de concentração.

Apesar do tratamento regular, mantém limitações importantes para
realizar atividades simples do dia a dia, necessitando de supervisão
frequente para autocuidado, medicação e organização de tarefas,
não apresentando condições de inserção competitiva no mercado de trabalho.

Modelo 2 – Tabela caseira para listar remédios na avaliação

Medicamento Dose/Frequência Para qual sintoma? Efeitos colaterais principais
Remédio A (controlado) 2x ao dia Crises de ansiedade Sonolência intensa, tontura
Remédio B (forte) 1x à noite Insônia e agitação Dificuldade para acordar cedo

Erros comuns ao usar remédios fortes e laudos no BPC/LOAS

  • Entregar apenas atestado curto (“paciente em tratamento”) sem laudo detalhado.
  • Não pedir que o médico liste os remédios fortes e os efeitos colaterais relevantes.
  • Levar receitas muito antigas, sem mostrar continuidade do tratamento.
  • Esconder limitações por vergonha, dizendo na perícia que “dá conta de tudo sozinho”.
  • Confiar apenas na conversa na hora da perícia, sem documentos organizados.
  • Não guardar cópias do laudo e das receitas para eventual recurso ou ação judicial.

Conclusão: remédios fortes ajudam, mas é o laudo completo que abre caminho para o BPC/LOAS

Viver à base de remédios fortes, com crises, internações e limitações para tarefas simples, já é pesado demais para qualquer família – ainda mais quando a renda é baixa. A boa notícia é que, quando bem documentado, esse sofrimento pode se transformar em prova concreta para reforçar o direito ao BPC/LOAS.

Em vez de depender de um papelzinho genérico, busque um laudo médico completo, com lista de remédios, efeitos colaterais, histórico da doença e descrição das limitações na vida diária. Organize receitas e exames, prepare-se para a perícia e, se necessário, procure apoio jurídico ou do próprio CRAS para seguir com recursos. Assim, você diminui as chances de indeferimento e aumenta a possibilidade de garantir um benefício que faça diferença real na dignidade da pessoa e da família.

Guia rápido: laudo com remédios fortes para BPC/LOAS

  • 1. Liste todos os remédios fortes: anote nome, dose, horário e há quanto tempo a pessoa usa cada medicação.
  • 2. Peça laudo completo, não só atestado: solicite ao médico um relatório detalhado com diagnóstico, CID, tratamentos e limitações.
  • 3. Destaque efeitos colaterais: sonolência, tontura, crises, confusão, agressividade ou risco de queda precisam constar no laudo.
  • 4. Mostre o que a pessoa não consegue fazer: explique se precisa de ajuda para higiene, alimentação, remédios, locomoção ou dinheiro.
  • 5. Organize a documentação: junte laudo, receitas, exames, relatórios de outros profissionais e leve tudo para o CRAS/INSS.
  • 6. Registre a situação econômica: reúna comprovantes de renda, gastos com medicação e condições de moradia para a avaliação social.
  • 7. Guarde cópias para recurso: mantenha em casa cópias do laudo, das receitas e das decisões para eventual recurso ou ação judicial.

FAQ – Laudo médico, remédios fortes e direito ao BPC/LOAS

1. Ter doença grave e usar remédios fortes já garante o BPC/LOAS?

Não. O BPC/LOAS exige deficiência com barreiras significativas e situação de baixa renda familiar. A doença e os remédios fortes são importantes, mas o laudo precisa mostrar como isso limita a participação da pessoa na sociedade e a família deve se enquadrar nos critérios socioeconômicos.

2. O laudo precisa ser feito por médico do SUS ou pode ser particular?

O laudo pode ser feito por médico do SUS ou particular, desde que tenha identificação, CRM, especialidade, CID e descrição clara do quadro. O INSS avalia o conteúdo técnico do laudo, não apenas a origem do atendimento.

3. É obrigatório listar todos os remédios controlados no laudo?

Não é uma obrigação formal, mas é fortemente recomendável. Listar remédios fortes, doses e tempo de uso ajuda a demonstrar que o quadro é grave, crônico e exige acompanhamento contínuo, reforçando o direito ao benefício.

4. A avaliação do BPC é só médica ou também social?

O BPC/LOAS tem duas etapas: perícia médica, para avaliar deficiência e limitações, e avaliação social, para analisar renda, moradia, gastos e apoio familiar. O laudo com remédios fortes ajuda principalmente na parte médica, mas também serve para mostrar gastos e dependência na parte social.

5. Um laudo simples, de uma página, é suficiente para o BPC/LOAS?

Em muitos casos, um laudo muito curto acaba sendo visto como insuficiente. É melhor um relatório mais detalhado, explicando diagnóstico, evolução, tratamentos, remédios fortes e limitações concretas na vida diária, mesmo que ocupe mais páginas.

6. O que fazer se o médico se recusar a fazer laudo detalhado?

Você pode explicar com calma a importância do documento para o BPC/LOAS, mostrar um modelo de laudo e, se ainda assim houver recusa, buscar outro profissional (SUS ou particular) ou apoio da defensoria, do CRAS ou de entidades de pacientes para orientar como proceder.

7. Se o BPC for negado, posso usar o mesmo laudo em recurso ou na Justiça?

Sim. O laudo médico, as receitas de remédios fortes e os demais exames podem ser usados em recurso administrativo e em eventual ação judicial. Em muitos casos, vale reforçar a documentação com novos relatórios que deixem ainda mais claros os limites e a gravidade do quadro.


Fundamentos jurídicos e critérios técnicos do BPC/LOAS (visão prática)

O BPC/LOAS está previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, que garante um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Essa previsão foi regulamentada pela Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS) e por decretos que tratam dos critérios de avaliação da deficiência e da renda familiar.

Para a pessoa com deficiência, a legislação adota uma visão biopsicossocial, considerando não só o diagnóstico médico, mas também as barreiras sociais, econômicas e ambientais que impedem a participação plena na sociedade. O laudo médico com lista de remédios fortes entra justamente no componente biológico e funcional: mostra que, apesar do tratamento intensivo, a pessoa ainda enfrenta limitações importantes para estudar, trabalhar, se deslocar ou cuidar de si mesma.

Já o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) reforça que a deficiência deve ser entendida como o resultado da interação entre impedimentos de longo prazo e barreiras que restringem a participação social em igualdade de oportunidades. Na prática, isso significa que o laudo não deve falar apenas de “doença”, mas também da duração do quadro, da necessidade de acompanhamento contínuo, do uso de medicamentos fortes e de como tudo isso interfere na autonomia e na capacidade de gerar renda.

Em avaliações administrativas e judiciais, peritos costumam analisar: histórico clínico, uso de medicação de controle especial, internações, risco de agravamento, necessidade de supervisão de terceiros e impacto dos sintomas e dos efeitos colaterais nas atividades cotidianas. Quanto mais o laudo médico e a documentação anexada trouxerem essas informações de forma clara, maior a chance de o conjunto de provas ser considerado suficiente para reconhecer o direito ao BPC/LOAS.


Considerações finais e aviso importante

Um laudo médico com lista de remédios fortes pode ser o grande aliado na luta pelo BPC/LOAS, mas apenas quando é elaborado com cuidado: descrevendo a doença, a história do tratamento, as limitações reais e o impacto dos medicamentos na vida da pessoa. Somado à avaliação social sobre renda e condições de moradia, esse conjunto de provas ajuda a mostrar que o benefício não é um “privilégio”, e sim uma garantia mínima de dignidade.

Este texto tem caráter exclusivamente informativo e não substitui, em nenhuma hipótese, a orientação de um profissional habilitado. Cada caso de BPC/LOAS tem particularidades próprias de saúde, família e renda. Antes de tomar decisões ou deixar de tomar medidas, procure a ajuda de um advogado, defensor público, assistente social, médico ou outro especialista de confiança, que possa analisar a documentação completa e indicar o melhor caminho para a sua situação específica.

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