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Entenda a lei com clareza – Understand the Law with Clarity

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Direito tributário

Substituição Tributária no ICMS-ST: Regras, Responsabilidades e Impactos para Empresas

Panorama

A Substituição Tributária do ICMS é um regime em que a responsabilidade pelo recolhimento do imposto de toda a cadeia é atribuída a um contribuinte específico. O objetivo é antecipar o recolhimento, reduzir sonegação e simplificar a fiscalização. Para quem vende, compra ou distribui mercadorias abrangidas, entender quem paga, como calcular e quando pedir ressarcimento ou complementar evita autuações e melhora o fluxo de caixa.

Conceitos essenciais
Substituto
Substituído
MVA ou IVA
PMPF e preço tabelado
GNRE
Ressarcimento
Complemento

Conceito e objetivos

No ICMS-ST o imposto devido nas etapas futuras é recolhido de forma antecipada pelo substituto tributário — normalmente o fabricante, o importador ou o primeiro atacadista. Os demais integrantes da cadeia são os substituídos. A ideia é concentrar a arrecadação em poucos contribuintes, diminuir o custo de fiscalização e garantir que o imposto chegue ao destino final embutido no preço.

Quem responde pela tributação

Substituto

  • Retém e recolhe o ICMS próprio e o ICMS-ST da cadeia seguinte.
  • Destaca a base e o valor da ST na nota fiscal.
  • Entrega obrigações acessórias específicas e recolhe via GNRE nas saídas interestaduais quando for o caso.
Substituído

  • Recebe mercadoria com ICMS-ST já recolhido.
  • Em regra, não destaca ICMS nas saídas subsequentes dentro do mesmo estado e do mesmo segmento.
  • Pode ter direito a ressarcimento em hipóteses previstas ou obrigação de complemento.

Base de cálculo

A base presumida das operações futuras pode ser definida por diferentes critérios. O edital, o convênio e o regulamento estadual indicam qual se aplica ao produto.

Preço tabelado

Quando há preço fixo por órgão regulador ou fabricante, este valor é a base.

PMPF

O Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final é apurado por pesquisas do estado e usado em setores como combustíveis e bebidas.

MVA ou IVA

Na ausência de preço tabelado ou PMPF, utiliza-se a Margem de Valor Agregado para projetar o preço final. A MVA pode ser original para operações internas e ajustada em interestaduais, considerando diferenças de alíquotas entre origem e destino.

Alíquota e cálculo

O ICMS-ST corresponde à diferença entre o ICMS na operação final presumida e o ICMS próprio do substituto. Em termos práticos:

Fórmula simplificada
ICMS-ST = [Base presumida × Alíquota do estado de destino] − [ICMS próprio do substituto]
Exemplo ilustrativo

Preço de fábrica 1000. MVA 40. Base presumida 1400. Alíquota interna 18. ICMS final 252. ICMS próprio na saída 180. ICMS-ST a recolher 72.

Recolhimento

Operações internas

O substituto recolhe no estado de origem conforme o calendário local, utiliza códigos específicos de receita e informa na NF todos os campos de ST.

Operações interestaduais

Quando o destino adota ST para aquele produto e houver protocolo ou convênio, o substituto recolhe para o estado de destino via GNRE ou guia equivalente e envia a mercadoria com a comprovação de pagamento. Se não houver acordo, a responsabilidade pode ser do destinatário, por antecipação sem encerramento ou com encerramento, conforme a legislação do destino.

Ressarcimento e complemento

Como a base é presumida, a lei prevê mecanismos de ajuste. O contribuinte pode pleitear ressarcimento quando a operação final ocorrer com base menor do que a presumida ou em casos como devolução, perecimento, roubo e saída interestadual com imposto devido novamente. Muitos estados exigem complemento quando o preço final praticado ultrapassa a base presumida. O procedimento é documental e depende de cada regulamento: planilhas, cruzamento de EFD, notas de compra e venda e controles por item.

Devoluções e ajustes

Na devolução de mercadoria com ST, é possível recuperar a parcela de ICMS-ST proporcional. O documento de devolução deve referenciar a nota original, repetir as bases e indicar o valor de ST devolvido. O substituto pode se creditarem ajustes ou pedir restituição conforme o estado.

Setores frequentes

As cadeias mais comuns são combustíveis, bebidas, cigarros, autopeças, medicamentos, higiene e cosméticos, materiais de construção, lâmpadas e pilhas e produtos alimentícios específicos. A lista muda por estado e é atualizada por convênios e protocolos.

Impactos para empresas

Efeitos no caixa

  • Antecipação do pagamento eleva a necessidade de capital de giro.
  • Ressarcimentos demoram e exigem controles finos de estoque e vendas.
  • Planejamento de compra e formação de preço devem considerar a ST.
Peso no caixa

Compliance e sistema

  • Cadastro por NCM e CEST atualizado.
  • Tabelas de MVA, PMPF e alíquotas por estado.
  • Integração entre comercial, fiscal e logística para gerar GNRE e destacar campos na NF.
  • Conciliação mensal com a EFD ICMS IPI.
Risco de autuação

Boas práticas

  • Mapear o mix de mercadorias com NCM e CEST e confirmar se estão sob ST em cada estado de atuação.
  • Manter repositório de convênios, protocolos e decretos estaduais aplicáveis, com data de vigência.
  • Revisar a composição da base de cálculo sempre que houver promoção, desconto financeiro, frete e seguros.
  • Automatizar a rotina de ressarcimento e complemento com controles por item, lote e período.
  • Validar GNRE e vincular o comprovante à NF de remessa interestadual.
  • Treinar equipe para leitura de campos de ST na nota e para parametrização correta no ERP.

Quadro de referência rápida

TemaQuem fazQuando ocorre
Retenção do ICMS-STSubstitutoNa venda inicial do fabricante ou importador
Recolhimento interestadualSubstitutoQuando destino adota ST e há acordo
RessarcimentoSubstituído ou substitutoBase presumida maior, devolução ou saída para fora do estado
ComplementoSubstituídoBase final superior ao presumido, conforme estado
Informação na NFQuem emiteDestacar base, MVA, alíquota e valor de ST

Perguntas frequentes

Verifique o NCM e o CEST do item e consulte o regulamento do estado e os convênios do Confaz. A lista de mercadorias e os critérios de base variam por unidade federativa.

A MVA projeta o preço final por margem percentual. O PMPF usa preço médio pesquisado pelo estado. O edital da ST define qual base usar em cada mercadoria.

Em regra o substituto na origem recolhe para o destino via GNRE quando houver acordo para aquele produto. Sem acordo, a responsabilidade pode ser do destinatário por antecipação conforme o regulamento do destino.

Sim, nos casos previstos como devolução, perecimento, roubo, base presumida superior à efetiva e saída interestadual. O pedido exige documentação e conciliação com a EFD.

Em muitos estados quando o preço final de venda ao consumidor supera a base presumida usada na retenção. O cálculo e o prazo são definidos pelo regulamento local.

A NF do substituto deve conter base de cálculo da ST, MVA ou PMPF, alíquota interna do destino e valor do ICMS-ST. O substituído registra a entrada e não destaca ICMS nas saídas internas subsequentes do mesmo produto.

O substituto se credita do ICMS das entradas conforme a não cumulatividade e recolhe a diferença via ST. O substituído, em regra, não se credita do valor retido nas saídas ao consumidor dentro do estado.

Notas de compra e venda, planilhas de formação de preço, comprovantes de GNRE, EFD, controles de estoque e demonstrativos por item com apuração da diferença.


Base técnica

  • Constituição Federal — autorização para substituição tributária e restituição do valor pago a maior.
  • Lei Complementar 87 — regras gerais do ICMS com dispositivos sobre substituição, base de cálculo, ressarcimento e responsabilidade.
  • Convênios e protocolos do Confaz — definição de mercadorias, MVA, PMPF, acordos interestaduais e obrigações correlatas.
  • Regulamentos estaduais do ICMS — procedimentos de recolhimento, códigos de receita, GNRE, complemento e restituição.
  • Ajustes SINIEF — campos da nota fiscal eletrônica e escrituração digital relacionados à ST.

Encerramento

Operar com ICMS-ST exige método. Quem domina classificação por NCM e CEST, mantém tabelas de MVA e PMPF atualizadas e concilia a EFD com as notas reduz o risco e melhora o preço. Em dúvidas sobre recolhimento para outro estado, confira o convênio e gere a GNRE antes do embarque. Ajustes de ressarcimento e complemento fazem parte do jogo: formalize, documente e trate mensalmente. Com disciplina fiscal, a ST deixa de ser um ponto de dor e vira vantagem competitiva.

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